Há algumas semanas estava trocando idéias com meu primo Marcell e acabamos por abordar o assunto das muletas psicofisiológicas, no que ele me disse que eu havia apenas aceitado a idéia de que muletas não são necessárias para desencadear fenômenos parapsíquicos sem questionar.
Isto foi um feedback (retorno) interessante. Decidi então pesquisar mais pra compreender melhor a necessidade de utilizar ou não muletas no desencadeamento de fenômenos parapsíquicos e se são mais ou menos potentes que a impulsão da vontade nos experimentos.
De acordo com o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, Muleta é:
muleta |ê|
s. f.1. Pau ou bastão a que se pode apoiar quem tem dificuldade em andar, geralmente apoiando a axila na parte superior.2. [Tauromaquia] Pau com pano de lã vermelha com que o toureiro engana e toureia o touro.3. Manivela do realejo.4. Pequeno barco de pesca.5. [Figurado] Apoio, amparo.6. [Heráldica] Peça em forma de estrela.
E pelo Dicionário Aurélio Online:
Significado de Muleta
s.f. Bordão comprido terminado na parte superior por um encosto côncavo, em que os aleijados apóiam as axilas para se moverem. / Fig. O que moralmente serve de apoio ou argumento; amparo. / Manivela com que se faz girar o cilindro dos realejos. / Heráld. Peça do feitio de uma estrela, que tem o centro coberto e que se desenha nos brasões com a cor apropriada às regras dos mesmos. / Tauromaquia Bastão a que se prende uma manta vermelha da qual se serve o toureiro matador.
Os dois conceitos são bem próximos, utilizando apenas sinônimos para elaborar textos distintos em seu formato, porém idênticos em seu conteúdo.
O sentido em que é empregada a palavra muleta na Conscienciologia é de fato algo que a Consciência se utiliza para apoiar-se, para amparar-se, seja psicologicamente, seja fisicamente, na realização de suas tarefas assistenciais ou na reciclagem existencial pessoal.
De acordo com a Conscienciopédia, muletas psicofisiológicas podem ser chamadas também de andaimes conscienciais (Andaimes conscienciais – Muletas psicológicas ou fisiológicas quando dispensáveis).
No Projeciologia (pág. 86), temos os seguintes parágrafos a respeito das muletas:
“”Autodeterminação. … aplicação lúcida e autodeterminante do mentalsoma.
Muletas. Em outras palavras: a abordagem da Ciência Projeciologia (que busca refutações) constrói, com expressiva naturalidade, a proposta filosófica revolucionária do acrisolamento da consciência que dispensa, para sempre, as muletas de toda conotação mística e da religiosidade de qualquer natureza. Na parte prática ainda indica a tenepes para as pessoas motivadas na assistência interconsciencial.”
Estes parágrafos nos indicam que a utilização com lucidez e determinação íntima do Mentalsoma pela Consciência, a leva ao descarte de todo e qualquer tipo de muleta com conotação mística ou religiosa.
O próximo parágrafo nos mostra que descartar as muletas é questão de nível evolutivo (Projeciologia, pág. 428):
“Higiene. Para quem está começando, certos recursos de sugestão ou fatores desencadeantes dos processos projetivos podem ser de extrema utilidade. Todo recurso, por mais exótico que seja, desde que inofensivo para a consciência, positivo para os fins colimados, dentro da higiene física, mental e consciencial, pode e deve ser utilizado para produzir as projeções conscientes.
Esforço. Todo esforço ou sacrifício neste sentido compensa a dedicação pessoal.
Artifício. Se precisa de uma palavra, símbolo, imagem ou mesmo um artifício esdrúxulo para se sentir seguro no ato de se projetar, deve usá-lo e depois, ao adquirir maior experiência, simplificará o que for possível, dispensando todo recurso supérfluo.
Muletas. O projetor(a), pouco a pouco, adquirindo experiência, acaba sempre alcançando um estágio em que dispensará todas as dependências ou muletas psicofísicas que usa para suprir as suas deficiências no processo da projeção consciente.”
E noutra página:
“Muletas. Todos os rituais e muletas psicofisiológicas são passageiros, infantis e infantilizadores.” – Projeciologia, pág. 579
Percebe-se então que no início da descoberta e desencadeamento dos fenômenos parapsíquicos é compreensível a utilização de muletas até que a Consciência sinta-se segura de si mesma, angarie confiança em suas habilidades para noutro estágio, descartar as muletas e “andar por si mesma”, ou diria, projetar por si mesma.
Mas há um porém. Ali onde diz “…desde que inofensivo para a consciência…“, ou seja, você precisa do seu discernimento e de suas parapercepções ou mesmo da intuição de que determinados tipos de muletas podem acarretar danos à algum dos veículos de manifestação da Consciência, dificultando ações futuras.
Um exemplo disso são os aparelhos ou programas que emitem sons para alteração da frequência cerebral, que segundo o Prof. Waldo acarretam problemas em sua sinalética parapsíquica – aplicando-se o princípio da descrença, não acredite no que ele disse – entretanto, você estaria disposto a sacrificar a sua sinalética – caso ele esteja certo – para refutar ou provar essa teoria?
Há diferenças entre a Curiosidade Científica Sadia e a Burrice Humana.
Agora o que é melhor, utilizar muletas ou não utilizar? Vimos que tudo depende do seu nível de compreensão evolutiva e do desenvolvimento de suas habilidades conscienciais.
O ideal é não utilizá-las já que criam uma dependência entre a Consciência e o objeto/imagem/mantra. Mas é fato que vivemos num mundo do não-ideal, portanto se precisar utilizá-las, tenha sempre em mente que em algum momento na sua evolução você perceberá que elas já não fazem o mesmo efeito ou que você já consegue avançar sem elas.
Quanto a utilização, visualize a seguinte cena:
Imagine que você só exterioriza energia para realizar assistência se estiver com seu Bastão Mágico (com exteriorização +3 e brilho adicional) ou seu Amuleto Estrela de Davi (com exteriorização +5, e adicional de carisma).
E se acontecer uma emergência e você precisar exteriorizar energia para fazer assistência na hora e não estiver com seus amuletos? Você não pode correr até sua casa e pegar seus amuletos, bastões, pedras, pirâmides, cristais ou mesmo sua cueca da sorte. É preciso fazer algo ali, naquele exato momento.
Uma Consciência que se preparou sem a utilização de muletas psicofisiológicas ou que já conseguiu descartá-las, estará preparada para esse momento e sem titubear, realizará assistência energética apenas com a impulsão de sua força de vontade, um dos maiores atributos da Consciência, vindo atrás (talvez) somente do Discernimento.
A não utilização de muletas psicofisiológicas de qualquer natureza faz com que a Consciência desenvolva seus atributos conscienciais e possa estar preparada para utilizá-los em qualquer situação, lugar, hora ou dimensão na qual se manifeste.
E tem mais, dessa vida física, não levamos nada a não ser nosso conhecimento e nossas habilidades conscienciais. Então quando chegar no extrafísico, você não terá seus amuletos para lhe ajudar.
Você pode me dizer (como meu primo me disse):
“Ah, mas no extrafísico você pode fazer um constructo astral (morfopensene) do objeto.”
Sim, pode, porém esta é outra habilidade que a Consciência tem que desenvolver. Não pense que assim que dessomar ou quando você se projetar para fora do corpo físico lucidamente será a coisa mais fácil do mundo criar qualquer coisa que vier à sua mente de forma consciente e direcionada. Não se engane, assim como qualquer outra habilidade, criar morfopensenes também exige experiência na área e se você não a tiver, também terá dificuldades para fazê-lo.
Se você desenvolveu a sua habilidade Consciencial, mentalsomática, lúcida e determinada nada disso será necessário e então a sua tarefa assistencial será desempenhada sem qualquer tipo de empecilhos a não ser sua própria disposição para tal.
Mas não acredite em nada do que eu escrevi aqui, tenhas suas próprias experiências, faça seus próprios estudos e tire suas próprias conclusões.
Uma última observação:
Pelas definições dos dicionários (no início do deste texto), percebe-se que até o auxílio de um Amparador pode ser considerado uma paramuleta, ou seja, uma muleta extrafísica, enquanto a Consciência não se torna “parapsiquicamente lúcida ou auto-suficiente” (VIEIRA, pág. 455).
E já que a interação entre as Consciências sugere uma relação de interdependência por toda a jornada evolutiva, estaremos utilizando a muleta do Amparo por muito tempo ainda.